terça-feira, 20 de setembro de 2011

O Corvo - Edgar Allan Poe

O CORVO  (tradução de Gondin da Fonseca – 1928)

Certa vez, quando, à meia- noite eu lia, débil, extenuado,
um livro antigo e singular, sobre doutrinas do passado,
meio dormindo - cabeceando - ouvi uns sons trêmulos, tais
como se leve, bem de leve, alguém batesse à minha porta.
É um visitante", murmurei, "que bate leve à minha porta.
Apenas isso, e nada mais."

Bem me recordo! Era em dezembro. Um frio atroz, ventos cortantes...
Morria a chama no fogão, pondo no chão sombras errantes.
Eu nos meus livros procurava - ansiando as horas matinais -
um meio (em vão) de amortecer fundas saudades de Lenora,
- bela adorada, a quem, no céu, os querubins chamam Lenora,
e aqui, ninguém chamará mais.

E das cortinas cor de sangue, um arfar soturno, e brando, e vago
causou-me horror nunca sentido, - horror fantastico e pressago.
Então, fiquei (para acalmar o coração de sustos tais)
a repetir: "É alguém que bate, alguém que bate à minha porta;
Algum noturno visitante, aqui batendo à minha porta;
é isso! é isso e nada mais!"

Fortalecido já por fim, brado, já perdendo a hesitação:
"Senhor! Senhora! quem sejais! Se demorei peço perdão!
Eu dormitava, fatigado, e tão baixinho me chamais,
bateis tão manso, mansamente, assim de noite à minha porta;
que não é fácil escutar. Porém só vejo, abrindo a porta,
a escuridão, e nada mais.

Perquiro a treva longamente, estarrecido, amedrontado,
sonhando sonhos que, talvez, nenhum mortal haja sonhado.
Silêncio fúnebre! Ninguém. De visitante nem sinais.
Uma palavra apenas corta a noite plácida: - "Lenora!".
Digo-a em segredo, e num murmúrio, o eco repete-me - "Lenora!"
Isto, somente - e nada mais.

Para o meu quarto eu volto enfim, sentindo n'alma estranho ardor,
e novamente ouço bater, bater com mais vigor.
"Vem da janela", presumi, "estes rumores anormais.
Mas eu depressa vou saber donde procede tal mistério.
Fica tranqüilo, coração! Perscruta, calmo, este mistério.
É o vento, o vento e nada mais!"

Eis, de repente, abro a janela, e esvoaça então, vindo de fora,
um Corvo grande, ave ancestral, dos tempos bíblicos, - d'outrora!
Sem cortesias, sem parar, batendo as asas noturnais,
ele, com ar de grão-senhor, foi, sobre a porta do meu quarto,
pousar num busto de Minerva, - e sobre a porta do meu quarto
quedou, sombrio, e nada mais.

Eu estava triste, mas sorri, vendo o meu hóspede noturno
tão gravemente repousado, hirto, solene e taciturno.
"Sem crista, embora" - ponderei -, "embora ancião dos teus iguais,
não és medroso, ó Corvo hediondo, ó filho errante de Plutão!
Que nobre nome é acaso o teu, no escuro império de Plutão?"
E o Corvo disse: "Nunca mais!"

Fiquei surpreso - pois que nunca imaginei fosse possível
ouvir de um Corvo tal resposta, embora incerta, incompreensível,
e creio bem, em tempo algum, em noite alguma, entes mortais
viram um pássaro adejar, voando por cima de uma porta,
e declarar (do alto de um busto, erguido acima de uma porta)
que se chamava "Nunca mais".

Porém o Corvo, solitário, essas palavras só murmura,
como que nelas refletindo uma alma cheia de amargura.
Depois concentra-se e nem move - inerte sobre os meus umbrais -
uma só pena. Exclamo então: "Muitos amigos me fugiram...
Tu fugiras pela manhã, como os meus sonhos me fugiram..."
Responde o Corvo: "Oh! Nunca mais!"

Pasmo, ao varar o atroz silêncio uma resposta assim tão justa,
e digo: "Certo, ele só sabe essa expressão com que me assusta.
Ouviu-a, acaso, de algum dono, a quem desgraças infernais
hajam seguido, e perseguido, até cair nesse estribilho,
até chorar as ilusões com esse lúgubre estribilho
de - "nunca mais! oh! nunca mais!".

De novo, foram-se mudando as minhas mágoas num sorriso...
Então, rodei uma poltrona, olhei o Corvo, de improviso,
e nos estofos mergulhei, formando hipóteses mentais
sobre as secretas intenções que essa medonha ave agoureira
- rude, sinistra, repulsiva e macilenta ave agoureira, -
tinha, grasnando "Nunca mais".

Mil coisas vagas pressupus... Não lhe falava, mas sentia
que me abrasava o coração o duro olhar da ave sombria.
... E assim fiquei, num devaneio, em deduções conjeturais,
minha cabeça reclinando - à luz da lâmpada fulgente
nessa almofada de veludo, em que ela, agora, - à luz fulgente -,
não mais descansa - ah! nunca mais.

Súbitamente o ar se adensou, qual se em meu quarto solitário,
anjos pousassem, balançando um invisível incensário.
"Ente infeliz" - eu exclamei. - "Deus apiedou-se dos teus ais!
Calma-te! calma-te e domina essas saudades de Lenora!
Bebe o nepente benfazejo! Olvida a imagem de Lenora!
E o Corvo disse: "Nunca mais."

"Profeta!" - brado. "Anjo do mal, Ave ou demonio irreverente
que a tepestade, ou Satanás, aqui lançou tragicamente,
e que te vês, soberbo, nestes desertos areais,
nesta mansão de eterno horror! Fala! responde ao certo! Fala!
Exite bálsamo em Galaad? Existe? Fala, ó Corvo! Fala!"
E o Corvo disse: "Nunca mais."

"Profeta!" - brado. "Anjo do mal, Ave ou demonio irreverente,
dize, por Deus, que está nos céus, dize! eu to peço humildemente,
dize a esta pobre alma sem luz, se lá nos páramos astrais,
poderá ver, um dia, ainda, a bela e cândida Lenora,
amada minha, a quem, no céu, os querubins chamam Lenora!"
E o Corvo disse: "Nunca mais."

"Seja essa frase o nosso adeus" - grito, de pé, com aflição.
"Vai-te! Regressa à tempestade, à noite escura de Plutão!
Não deixes pluma que recorde essas palavras funerais!
Mentiste! Sai! Deixa-me só! Sai desse busto junto à porta!
Não rasgues mais meu coração! Piedade! Sai de sobre a porta!"
E o Corvo disse: "Nunca mais."

E não saiu! e não saiu! ainda agora se conserva
pousado, trágico e fatal, no busto branco de Minerva.
Negro demônio sonhador, seus olhos são como punhais!
Por cima, a luz, jorrando, espalha a sombra dele, que flutua...
E a alma infeliz, que me tombou dentro da sombra que flutua,
não há de erguer-se, "Nunca mais".
 
 

terça-feira, 28 de junho de 2011

Promoção "Aventuras na escuridão + filme A Primeira Vista"


PARTICIPEM DA PROMOÇÃO NO BLOG: http://paulatictic-dicasdelivros.blogspot.com/

Para os fãs da arte e literatura é só ir no blog acima e seguir as instruções de como participar da promoção e concorrer ao livro Aventuras na escuridão de Tom Sullivan + o filme A Primeira Vista e boa sorte!!!

X Prêmio Literário Livraria Asabeça 2011



A Livraria Asabeça organiza anualmente o Prêmio Literário Livraria Asabeça, com o apoio da Scortecci Editora, para autores brasileiros, maiores de 18 anos, residentes no Brasil. O prêmio tem por objetivo descobrir novos talentos e promover a literatura brasileira e neste ano, em especial, sua edição será comemorativa ao aniversário de 30 anos da Scortecci em 2012. O concurso será dividido em 5 (cinco) prêmios regionais: norte, nordeste, sul, sudeste e centro-oeste. O prêmio para o vencedor de cada região será um contrato de edição e publicação de sua obra com a Scortecci Editora.

REGULAMENTO
Inscrições: até 30 de novembro de 2011.
Gênero: Poesia (Livro inédito: poesias e obra).

Ao fazer a inscrição, o Autor concorda com as regras do concurso, autorizando, inclusive, a publicação da obra selecionada pela Scortecci Editora, e responderá por plágio, cópia indevida e demais crimes previstos na Lei do Direito Autoral.

A Livraria Asabeça escolherá uma Comissão Julgadora, composta de três membros de renomado prestígio literário, e uma Comissão Organizadora, que resolverá os casos omissos deste regulamento, se houver.

O candidato poderá participar com 1 (um) livro, inédito, gênero POESIA (Poesias e Obra), de 40 até 60 páginas, formato A4 (210 x 297 cm), texto digitado em Word, espaço 1,5, impresso de um só lado da folha, tamanho 12, fonte Times New Roman ou Arial.

Atenção:
1) Poesias publicadas em Blogs e Sites (menos e-books, com ISBN) são consideradas inéditas e poderão fazer parte da obra.
2) Poesias publicadas em antologias (coletâneas) perdem a condição de inéditas e não poderão fazer parte da obra.

Os trabalhos deverão estar em língua portuguesa, o que não impede o uso de termos estrangeiros no texto. A obra deverá ter obrigatoriamente um título. O autor poderá ou não usar pseudônimo (nome literário).

Deverá enviar junto com a obra as seguintes informações:
Nome completo
Pseudônimo (nome literário), se houver
Endereço / Cidade / Estado / CEP
DDD / Telefone
e-mail
Cópia do RG
Cópia do CPF
Cópia de comprovante de residência
Minibiografia de até 20 linhas
Atenção: O original deverá ser enviado por correio, encadernado em espiral, devendo trazer na primeira página os dados do autor conforme relação acima.

Enviar para:
X PRÊMIO LITERÁRIO LIVRARIA ASABEÇA 2011Caixa Postal 11481
São Paulo, SP
CEP 05422-970

PRÊMIOS
O vencedor de cada região será contemplado com um contrato de edição com a Scortecci Editora de 100 (cem) exemplares (sendo 50 exemplares para comercialização através da Livraria Asabeça e 50 exemplares inteiramente grátis para o autor), com até 60 (sessenta) páginas, formato 14 x 20,7 cm, miolo em preto e branco, com papel branco 75 gramas, Capa coloria com papel cartão 250 gramas, com orelhas e laminação brilhante.

A título de Direito Autoral, cada autor receberá 10% (dez por cento) sobre o preço de capa de sua obra, comercializada através da Livraria Asabeça, pelo prazo de 1 (um) ano ou até o término da edição, o que acontecer primeiro.
Cada exemplar da obra será comercializado ao preço de R$ 20,00.
Após o término do contrato, o autor poderá adquirir o saldo dos livros com desconto de 80% sobre o preço de capa. Não havendo interesse por parte do autor, os livros serão distribuídos gratuitamente para bibliotecas e escolas públicas e utilizados para divulgação do próprio Prêmio Literário Livraria Asabeça.

OBSERVAÇÕES
- Os originais não serão devolvidos.
- Os autores vencedores autorizam o uso e veiculação de seu nome e obra pela Livraria Asabeça / Scortecci Editora para fins de divulgação, veiculação e comercialização.
 - O resultado do X Prêmio Literário Livraria Asabeça 2011 dar-se-á em fevereiro de 2012 e será publicado oficialmente no Portal Concursos e Prêmios Literários e nos demais sites do Grupo Editorial Scortecci.
- Os autores vencedores deverão entregar à Scortecci Editora o arquivo digital da obra rigorosamente igual ao selecionado pela comissão julgadora.
- É vetada a participação de autores que já tenham recebido prêmio de publicação ou menção honrosa nos concursos: Asabeça e UBE-SP.

CRONOGRAMA
- Inscrições: até 30 de novembro de 2011.
- Divulgação dos vencedores: fevereiro de 2012.
- Lançamento das obras: 22ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo 2012, no estande da Scortecci, durante o evento festivo de 30 anos da editora.

MAIS INFORMAÇÕES
asabeca2011@concursosliterarios.com.br
Telefones: (11) 3031.3956 ou (11) 3815.1177

quarta-feira, 22 de junho de 2011

A PESQUISA NA FORMAÇÃO DO EDUCADOR


Toda formação profissional que prepara para o exercício de um oficio gera problemas complexos, particularmente quando essa formação visa a um ofício voltado para o humano, como o ensino. As relações entre pesquisa e formação foram e continuam sendo objeto de debates; enfatizaremos a compreensão da pesquisa como atitude inerente à formação e prática docente.
A pesquisa é essencial à prática docente, pois o professor que assume a postura de pesquisador compromete-se com a elaboração própria, com o questionamento, com a emancipação política, com a formação da cidadania, com a criatividade, com a descoberta e com a redescoberta.
Somente o professor pesquisador possuí condições necessárias para transmitir algo via ensino, pois ele ao questionar, ao se desacomodar, estará em constante estado de preparação.
Nesse sentido, a pesquisa precisa ser compreendida como uma necessidade e como um dos maiores e mais importantes desafios para uma educação de qualidade.
A pesquisa tem como condição essencial que o profissional da educação seja investigador, ou seja, maneje a pesquisa como um principio cientifico e educativo sendo este o seu procedimento cotidiano. Assim, a pesquisa precisa ser contemplada como definição inerente à prática pedagógica. Bons resultados foram atingidos, por meio da realização de pesquisa, por exemplo: considerando as teorias direcionadas à área de educação, foi também possível e construtiva a troca de experiência a discussão sobre as teorias, sobre as práticas docentes e sobre como relacionar de maneira satisfatória a teoria e a prática na construção, enquanto educadores, visando o aprimoramento no ato de educar, aprender, pesquisar e construir. Dessa maneira, a pesquisa deve ser assumida como uma atitude processual cotidiana inerente a toda prática que deseja de fato modernizar-se e aperfeiçoar-se, pois quem assume uma atitude de pesquisa, está em constante estado de preparação. Três aspectos são fundamentais para se garantir um educador que reflete em suas ações: O primeiro diz respeito à aquisição de uma bagagem cultural com compreensão política e social. O segundo que em sua formação o educador possa ampliar a capacidade de reflexão crítica sobre a prática; e o terceiro que este educador construa e reconstrua uma postura de entrelaçamento entre o pensar e o agir pedagógico. É na reflexão e ação que o professor toma como dimensão o ser reflexivo. O educador deve voltar o olhar com sentido e significado naquilo que irá favorecer a si mesmo ampliando suas hipóteses, criando outras e dar respostas para novas situações. Para que a formação do educador se efetive em uma prática – reflexiva sua formação deve estar atrelada ao processo de indagação, de descobertas, isto é, produção de um ato em movimento que possua um sentido e um significado para a investigação. O educador em sua formação tem que se constituir de um saber-fazer com a dimensionalidade de seu papel político e assim, contribuir em sua prática educativa para a formação de sujeitos com compreensão da realidade em que vive e que deverá atuar e modificar socialmente. O professor deve estar sempre em atitude de busca, em atitude de esvaziamento interior, essa atitude de busca, de abertura, esse interrogar a realidade de cada dia, é viver um permanente e rico processo educativo. O professor não é alguém que apenas domina certas habilidades e afazeres predeterminados à sua profissão.
Ser professor exige necessáriamente, assumir uma forma de continuar avançando em conhecimentos, pois essa atividade obriga a pensar permanentemente, questionar, indagar, reconstruir, isto é, tornar-se pesquisador para produzir conhecimentos.
A formação qualificada do professor tem a ver com a consciência do próprio educador do seu papel de mediador para construção do conhecimento do educando. Refletindo sobre as suas práticas educativas, em sala de aula, nas quais esse educador precisa atentar a existência de diferentes intencionalidades educativas nas ações pedagógicas de quem educa.
O professor não deve afastar-se do perfil de ser pensante, pesquisador, de ações políticas e pedagógicas, produtor de reflexões constantes sobre os seus valores e práticas cotidianas, para isto é necessária à consciência e humildade que também ele, não só o aluno, deve estar disposto “a aprender a aprender” sempre.
Sabemos que o professor precisa seguir as normas do sistema educacional, quase sempre tradicional, mas ele tem autonomia em sala de aula, por isso, sua metodologia de ensino, sua prática educativa, é que fará a diferença e esta tem que ter qualidade.
Contudo, por ser o professor o mediador do processo de aprendizagem, este não pode desprezar as experiências de vida e os conhecimentos trazidos pelos alunos, pois este deve ser o ponto de partida para motivar e transformar a realidade, para que ocorram mudanças e avanços, a fim de que haja integração na sociedade letrada.



 Referências: CRUZ, Gisele Barreto da. Pesquisa e Formação de Docentes: Apontamentos Teóricos.

                                                                                                                                                            
 

quarta-feira, 1 de junho de 2011

O sorriso da Mona Lisa e o discurso estético

O Código Da Vinci, tornou-se um fenômeno global, e apresentou a milhões de leitores um mundo misterioso onde Leonardo Da Vinci codificou significados ocultos nos seus quadros; símbolos estranhos estão esculpidos numa remota capela escocesa...e a Igreja Católica e uma antiga sociedade secreta continuam a travar uma batalha velha de séculos para obterem o controle do derradeiro premio: o Santo Graal. O filme trata da morte misteriosa do curador do Louvre, que pertencia ao Priorado de Sião, uma sociedade secreta, e guardava o segredo do Santo Graal e de mensagens cifradas sobre o assunto que estariam nas obras de Leonardo Da Vinci. O Santo Graal não seria um cálice (como se buscava na Idade Média ), mas a própria Maria Madalena, que teria casado com Jesus e constituído uma linhagem carnal. A partir deste assassinato se desenvolve toda a trama.
Dan Brown não deixou incólume a mais famosa e mais visitada pintura do mundo. Conhecida na França como La Joconde, na Itália, como La Gioconda, e em todos os demais lugares como Mona Lisa, é o quadro número 779 do Louvre.
Quando o professor Robert Langdon, personagem criado por Dan Brown, é questionado se "é verdade que a Mona Lisa é o retrato do próprio Da Vinci, só que travestido?", responde: "É bem possível [...] Mona Lisa não é homem, nem mulher. Traz uma mensagem sutil de androginia. É uma fusão de ambos" (p.130).
Na seqüência, Langdon ensina que as palavras "Mona Lisa" são uma junção do deus egípcio Amon com a deusa egípcia Ísis, "cujo pictograma antigo era L’ISA [...] Amon L’isa" (p.131). E conclui suas considerações com a afirmação: "E esse, meus amigos, é o segredo de Da Vinci, o motivo do sorriso zombeteiro da Mona Lisa" (p.131).
Bem, vamos por etapas, pois é muito devaneio para uma pessoa só.
Primeiro, quem é a modelo na pintura? Algumas hipóteses foram levantadas, mas com certeza, não é Leonardo da Vinci travestido. A alegação mais consistente é de que seja Lisa Gherardim.
"O registro do Battistero di San Giovanni confirma que ela nasceu em Florença, numa terça-feira, em 15 de junho de 1479. [...] Aos 16 anos, Lisa casou-se com um homem dezenove anos mais velho e duas vezes viúvo: Francesco di Bartolomeo di Zanobi Del Giocondo, um dignitário florentino. [...] Na época em que Leonardo começou a pintá-la, ela já tinha tido três filhos, e um deles, uma menina, havia morrido em 1499. [...] E até onde se pode verificar, Lisa não fez nada de excepcional durante sua vida inteira, exceto sentar-se imóvel enquanto Leonardo a desenhava".
Segundo, de onde vem o nome Mona Lisa? Existem muitas duvidas sobre o nome da Mona Lisa e alegam que com certeza não é a contração de nomes de divindades egípcias, como é referida no romance de Brown. "A pintura foi intitulada ‘Monna’ Lisa, sendo Monna uma contração da Madonna (mia donna, minha senhora). A grafia "Mona" é incorreta, de origem incerta, mas é a que ficou estabelecida na Inglaterra".
Terceiro, por que o sorriso comedido da Mona Lisa? Não tem nada de "sorriso zombeteiro". Qualquer estudioso ou curioso sobre os quadros de Leonardo vai perceber que aquele sorriso discreto da Mona Lisa não é exclusivo dela. Leonardo pintou outros quadros onde os modelos exibem sorrisos semelhantes, a saber: "São João Batista" (1513-1516); "João Batista com atributos de Baco" (1513-1516); "A Virgem com o menino de Santa Ana" (1510); "Dama com Arminho" (1483-1490). De acordo com Donald Sasson, pesquisador e escritor sobre a Mona Lisa, esse tipo de sorriso discreto fazia parte da etiqueta dos quadros do Renascimento: "Risos – em oposição a sorrisos – são raros nos quadros do Renascimento, e nunca são usados quando a aristocracia e as classes mais altas são representadas. Mona Lisa não ri; ela mostra comedimento e decoro. Um sorriso pode ser considerado como um riso atenuado, como a palavra francesa, sou-rire – "sub-riso" – e a raiz etimológica do latim, subridere, sugerem. No mundo altamente codificado da vida da corte italiana do século XV, sorrisos não são deixados por conta da iniciativa pessoal. Havia numerosos livros à disposição daqueles que desejassem ser introduzidos no código apropriado de comportamento.
Já Giorgio Vasari, biógrafo de artistas e comentarista sobre a Mona Lisa, citou em 1550: "músicos, palhaços e outros artistas ficaram entretendo a modelo, enquanto Leonardo a pintava". Vasari alega ser esse o motivo do discreto sorriso.
O fato é que o sorriso chamava pouca atenção e ninguém o considerava misterioso, mas a partir do século XIX várias teorias conspiratórias surgiram e o marketing do sorriso da Mona Lisa cresceu.

DISCURSO ESTÉTICO
A teoria do Discurso Estético parte do princípio de que, se a imagem também é um texto, e há discurso das imagens, não apenas semântico, deve haver discurso estético, sintático, perceptível não logicamente, mas esteticamente.

Teoricamente, há estética em tudo. Todas as formas existentes são passíveis de percepção estética -- logo, de apreciação e informação. Por isso, o que falamos pode ser chamado de um “discurso estético” ou discurso das imagens, que se dê pela percepção estética, não-lógica, de determinados valores ideológicos inculcados e identificáveis por meio de suas marcas de enunciação e interpelação.

No caso das imagens, tais marcas podem ser encontradas, entre outros modos, por meio da análise da Imagem e das leis da Teoria da Percepção. É possível, por exemplo, analisar linhas de formas, texturas, cores, nas imagens produzidas por uma sociedade, uma instituição ou um período, e a partir destas marcas encontrar formas de interpelação (posicionamento & poder) e valorizações de determinados conceitos que são fundamentalmente ideológicos.

A idéia do discurso como “transmissor” de ideologia é aplicado às formas de Arte e de comunicação visual mais recentemente, em virtude da evolução das relações de produção, que vem distanciando quem cria de quem produz.

Na história da feitura de artefatos (fabricação de objetos e obras de arte), a produção deslocou-se da união designer/produtor para a gradual separação entre esses dois agentes. Antigamente, um artesão era ao mesmo tempo o projetista e o fabricante de um objeto ou uma obra. Já no contexto da produção industrial, o profissional que aplica valores estéticos aos objetos que serão produzidos (designer) não é o mesmo que os executa. Assim, indaga-se se é ele quem cria e determina esses valores estéticos, ou se eles já lhe são passados, pelo ambiente cultural, ideológico ou econômico.

Embora não seja fácil definir qual é a relação causa-e-conseqüência do fenômeno, o certo é que os valores estéticos impregnados num trabalho e o ambiente ideológico estão intrinsecamente ligados, produzindo discursos muito mais do que verbais. Assim, é possível encontrar discursos estéticos nas instituições (aparelhos ideológicos do Estado, segundo Althusser, ou aparelhos de hegemonia, segundo Gramsci), dentro do que se considera "cultura", e pode-se considerar a atividade de comunicação visual como produtora de estética.

O que se propõe como Discurso Estético para as imagens vale igualmente para a Música, a Poesia, a Literatura e outras manifestações estéticas.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

FOLCLORE BRASILERO


Podemos definir o folclore como um conjunto de mitos e lendas que as pessoas passam de geração para geração. Muitos nascem da pura imaginação das pessoas, principalmente dos moradores das regiões do interior do Brasil. Muitas destas histórias foram criadas para passar mensagens importantes ou apenas para assustar as pessoas. O folclore pode ser dividido em lendas e mitos. Muitos deles deram origem a festas populares, que ocorrem pelos quatro cantos do país.As lendas são estórias contadas por pessoas e transmitidas oralmente através dos tempos. Misturam fatos reais e históricos com acontecimentos que são frutos da fantasia, procuraram dar explicação a acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais.
Os mitos são narrativos que possuem um forte componente simbólico. Como os povos da antiguidade não conseguiam explicar os fenômenos da natureza, através de explicações científicas, criavam mitos com este objetivo: dar sentido as coisas do mundo. Os mitos também serviam como uma forma de passar conhecimentos e alertar as pessoas sobre perigos ou defeitos e qualidades do ser humano. Deuses, heróis e personagens sobrenaturais se misturam com fatos da realidade para dar sentido a vida e ao mundo. 
As cantigas de roda, também conhecidas como cirandas, são brincadeiras que consistem na formação de uma roda, com a participação de crianças, que cantam músicas de caráter folclórico, seguindo coreografias. São muito executadas em escolas, parques e outros espaços freqüentados por crianças. As músicas e coreografias são criadas por anônimos, que adaptam músicas e melodias. As letras das músicas são simples e trazem temas do universo infantil.
O folclore brasileiro é rico em danças que representam as tradições e a cultura de uma determinada região. Estão ligadas aos aspectos religiosos, festas, lendas, fatos históricos, acontecimentos do cotidiano e brincadeiras. As danças folclóricas brasileiras caracterizam-se pelas músicas animadas (com letras simples e populares) e figurinos e cenários representativos. Estas danças são realizadas, geralmente, em espaços públicos: praças, ruas e largos.As brincadeiras folclóricas são aquelas que passam de geração para geração. Muitas delas existem há décadas ou até séculos. Costumam sofrer modificações de acordo com a região e a época, porém, a essência das brincadeiras continua a mesma da origem.

Algumas lendas, mitos e contos folclóricos do Brasil.


Boitatá, boto, curupira, lobisomem, mãe d’agua, corpo santo, pisadeira, mula sem cabeça, saci pererê.

Boitatá: Representada por uma cobra de fogo que protege as matas e os animais e tem a capacidade de perseguir e matar aqueles que desrespeitam a natureza. Acredita-se que este mito é de origem indígena e que seja um dos primeiros do folclore brasileiro. Foram encontrados relatos do boitatá em cartas do padre jesuíta José de Anchieta, em 1560. Na região nordeste, o boitatá é conhecido como "fogo que corre".

Mula sem cabeça: Surgido na região interior, conta que uma mulher teve um romance com um padre. Como castigo, em todas as noites de quinta para sexta-feira é transformada num animal quadrúpede que galopa e salta sem parar, enquanto solta fogo pelas narinas.

Saci pererê: O Saci-Pererê é um dos personagens mais conhecidos do folclore brasileiro. Provavelmente, surgiu entre povos indígenas da região Sul do Brasil, ainda durante o período colonial (possivelmente no final do século XVIII). Nesta época, era representado por um menino indígena de cor morena e com um rabo, que vivia aprontando travessuras na floresta. Porém, ao migrar para o norte do país, o mito e o personagem sofreram modificações ao receberem influências da cultura africana. O Saci transformou-se num  jovem negro com apenas uma perna, pois, de acordo com o mito, havia perdido a outra numa luta de capoeira. Passou a ser representado usando um gorro vermelho e um cachimbo, típico da cultura africana. Até os dias atuais ele é representado desta forma. Com o objetivo de diminuir a importância da comemoração do Halloween no Brasil, foi criado em caráter nacional, em 2005, o Dia do Saci ( 31 de outubro). Uma forma de valorizar mais o folclore nacional, diminuindo a influência da cultura norte-americana em nosso país. 

Lobisomem: Este mito aparece em várias regiões do mundo. Diz o mito que um homem foi atacado por um lobo numa noite de lua cheia e não morreu, porém desenvolveu a capacidade de transforma-se em lobo nas noites de lua cheia. Nestas noites, o lobisomem ataca todos aqueles que encontra pela frente. Somente um tiro de bala de prata em seu coração seria capaz de matá-lo.

Mãe-D'água: Encontramos na mitologia universal um personagem muito parecido com a mãe-d'água : a sereia. Este personagem tem o corpo metade de mulher e metade de peixe. Com seu canto atraente, consegue encantar os homens e levá-los para o fundo das águas.

Corpo-seco: É uma espécie de assombração que fica assustando as pessoas nas estradas. Em vida, era um homem que foi muito malvado e só pensava em fazer coisas ruins, chegando a prejudicar e maltratar a própria mãe. Após sua morte, foi rejeitado pela terra e teve que viver como uma alma penada.

Pisadeira: É uma velha de chinelos que aparece nas madrugadas para pisar na barriga das pessoas, provocando a falta de ar. Dizem que costuma aparecer quando as pessoas vão dormir de estômago muito cheio.

Mãe-de-ouro: Representada por uma bola de fogo que indica os locais onde se encontra jazidas de ouro. Também aparece em alguns mitos como sendo uma mulher luminosa que voa pelos ares. Em alguns locais do Brasil, toma a forma de uma mulher bonita que habita cavernas e após atrair homens casados, os faz largar suas famílias.

Cantigas de Roda – Cirandas

Capelinha de melão                                                
Capelinha de melão
É de São João É de manjericão
São João está dormindo
Não acorda, não
Acordai, acordai,
Acordai, João! 
Caranguejo
Caranguejo não é peixe
Caranguejo peixe é
Caranguejo não é peixe
Na vazante da maré.
Palma, palma, palma,
Pé, pé, pé
Caranguejo só é peixe, na vazante da maré!

Principais danças folclóricas do Brasil
Samba de Roda: Estilo musical caracterizado por elementos da cultura afro-brasileira. Surgiu no estado da Bahia, no século XIX. É uma variante mais tradicional do samba. Os dançarinos dançam numa roda ao som de músicas acompanhadas por palmas e cantos. Chocalho, pandeiro, viola, atabaque e berimbau são os instrumentos musicais mais utilizados.
Maracatu: O maracatu é um ritmo musical com dança típico da região pernambucana. Reúne uma interessante mistura de elementos culturais afro-brasileiros, indígenas e europeus. Possui uma forte característica religiosa. Os dançarinos representam personagens históricos (duques, duquesas, embaixadores, rei e rainha). O cortejo é acompanhado por uma banda com instrumentos de percussão (tambores, caixas, taróis e ganzás).
Frevo: Este estilo pernambucano de carnaval é uma espécie de marchinha muito acelerada, que, ao contrário de outras músicas de carnaval, não possui letra, sendo simplesmente tocada por uma banda que segue os blocos carnavalescos enquanto os dançarinos se divertem dançando. Os dançarinos de frevo usam, geralmente, um pequeno guarda-chuva colorido como elemento coreográfico.
Baião: Ritmo musical, com dança, típico da região nordeste do Brasil. Os instrumentos usados nas músicas de baião são: triângulo, viola, acordeom e flauta doce. A dança ocorre em pares (homem e mulher) com movimentos parecidos com o do forró (dança com corpos colados). O grande representante do baião foi Luiz Gonzaga.
Quadrilha: É uma dança típica da época de festa junina. Há um animador que vai anunciando frases e marcando os momentos da dança. Os dançarinos (casais), vestidos com roupas típicas da cultura caipira (camisas e vestidos xadrezes, chapéu de palha) vão fazendo uma coreografia especial. A dança é bem animada com muitos movimentos e coreografias. As músicas de festa junina mais conhecidas são: Capelinha de Melão, Pula Fogueira e Cai,Cai balão

Jogos, brincadeiras e brinquedos do folclore.


- Soltar pipa: as pipas, também conhecidas como papagaios, são feitas de varetas de madeira e papel. Coloridas, são empinadas (soltadas) pelos meninos em dias de vento. Com uma linha, os garotos conseguem direcionar e fazer malabarismos no céu.
- Estilingue: também conhecidos como bodoques, são feitos de galhos de madeira e borracha. Os meninos usam pedras para acertar alvos (latas, garrafas e outros objetos). 
Pega-pega: esta brincadeira envolve muita atividade física. Uma criança deve correr e tocar outra. A criança tocada passa  ter que fazer o mesmo.
- Esconde-esconde: o objetivo é se esconder e não ser encontrado pela criança que está procurando. A criança que deverá procurar deve ficar de olhos tapados e contar até certo número enquanto as outras se escondem. Para ganhar, a criança que está procurando deve encontrar todos os escondidos e correr para a base. 

Bola de gude: coloridas e feitas de vidro, são jogadas no chão de terra pelos meninos. O objetivo é bater na bolinha do adversário para ganhar pontos ou a própria bola do colega.

Boneca de pano: feitas pelas mães e avós, são usadas em brincadeiras pelas meninas para simular crianças integrantes de uma família imaginária.

Pião: a brincadeira de pião ainda faz muito sucesso, principalmente, nas regiões do interior do Brasil. Feitos de madeira, os piões são rodados no chão através de um barbante que é enrolado e puxado com força. Muitas crianças pintam seus piões. Para deixar mais emocionante a brincadeira, muitos meninos fazem malabarismo com os piões enquanto eles rodam. O mais conhecido é pegar o pião com a palma da mão enquanto ele está rodando.

Danças Folclóricas:

Maculelê:  Tipo de dança, bailado, que se exibe na festa de Nossa Senhora da Purificação, na cidade de Santo Amaro, Bahia. Acredita-se ter evoluído do cucumbi (antigo folguedo de negros) até tornar-se um misto de dança e jogo de bastões, chamados grimas (esgrimas), com os quais os participantes desferem e aparam golpes. Num grau maior de dificuldade e ousadia, pode-se dançar com facões em lugar de bastões, o que dá um bonito efeito visual pelas faíscas que saem após cada golpe.Conta-se a história de que”Maculelê” era um negro fugido que tinha doença de pele. Ele foi acolhido por uma tribo indígena e cuidado por eles, mas ainda assim não podia realizar todas as atividades com o grupo, por não ser um índio também.Certa vez, Maculelê foi deixado sozinho na aldeia, quando a tribo saiu para caçar. E eis que uma tribo rival aparece para dominar o espaço.Maculelê lutou sozinho contra o grupo rival e, heroicamente, venceu a disputa. Desde então passou a ser considerado um herói na tribo.

Capoeira: A capoeira é uma expressão cultural Afro-brasileira que mistura luta, dança, cultura popular, música. Desenvolvida no Brasil por escravos africanos e seus descendentes, é caracterizada por golpes e movimentos ágeis e complexos, utilizando os pés, as mãos, a cabeça, os joelhos, cotovelos, elementos ginástico-acrobáticos, e golpes desferidos com bastões e facões, estes últimos provenientes do Maculelê. Uma característica que a distingue da maioria das outras artes marciais é o fato de ser acompanhada

Bumba-meu-boi, boi-bumbá ou pavulagem é uma dança do folclore popular brasileiro, com personagens humanos e animais fantásticos, que gira em torno da morte e ressurreição de um boi. Hoje em dia é muito popular e conhecida.
 .A essência da lenda enlaça a sátira, a comédia, a tragédia e o drama, e demonstra sempre o contraste entre a fragilidade do homem e a força bruta de um boi. Reverencia o boi livre e nativo da floresta Amazônica, bem como a alegria.
   
LITERATURA DE CORDEL:

Difundidos por toda a Europa, essa forma popular de literatura, chamada “de cordel”, foi transladada para o continente americano pela ação de seus descobridores espanhóis e portugueses, à medida que se instalavam nas terras por eles conquistadas.
“Nas naus colonizadoras, com os lavradores, os artíficies, a gente do povo, veio naturalmente à tradição do Romanceiro, que se fixaria no Nordeste do Brasil, como literatura de cordel”.(Câmara Cascudo, 1973).
Foi no Nordeste do Brasil (da Bahia ao Pará) que essa literatura de cordel se arraigou mais profundamente e continua como forma viva de comunicação, tornando-se uma das características diferenciadores dos costumes dessa imensa região, em relação às demais regiões brasileiras. Pela interpretação do grande pesquisador que foi Câmara Cascudo, sabemos que, “No Nordeste, por condições sociais e culturais peculiares, foi possível o surgimento da literatura de cordel, da maneira como se tornou hoje em dia característica da própria fisionomia cultural da região  Segundo os pesquisadores, o Brasil é o maior produtor de literatura de cordel, no mundo ocidental: em cem anos publicou cerca de 20.000 folhetos, embora em pequenas tiragens (entre 100 e 200 exemplares cada). (Joseph M. Luyten)”.
Há cantadores e cordelistas famosos (Leandro Gomes de Barros, João Martins de Athayde, Cuíca de Santo Amaro, pseud. de José Gomes, Rodolfo Coelho Cavalcante Raimundo Santa Helena; Francklin Machado; Paulo Nunes Batista, entre outros) que, além de cantarem e imprimirem os textos tradicionais inventa cantorias com temas gerados pelas circunstâncias de seu tempo, pelo dia-a-dia do povo, e que servem de informação, deleite do ouvinte ou leitor, ou denúncia dos mal-feitos em prejuízo de alguém.
Com o correr dos tempos e o progresso urbano que, embora devagar, atingiu o Nordeste brasileiro, muitos costumes antigos desapareceram, mas a literatura de cordel resistente, mantém-se viva até hoje, concorrendo com a rádio, o cinema e a televisão, para o entretenimento do povo nas praças, ruas, feiras, mercados ou em qualquer lugar em que haja um cantador e sua viola.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Inglês: A Disciplina Órfã do Ensino Público


O professor de inglês deveria ter, além de consciência política, bom domínio do idioma (oral e escrito) e sólida formação pedagógica com aprofundamento em lingüística aplicada. Em número reduzido, temos profissionais bem formados dentro do perfil ideal que acabamos de descrever.
É notável que ainda nos tempos atuais professores e as escolas não se libertaram de alguns mitos que existem no ensino do inglês, por exemplo, a escola secundária, especialmente a pública, que não é competente para ensinar línguas estrangeiras, pois na opinião de professores o ensino público é prejudicado pela ausência de incentivos do governo e prefeituras e torna-se obrigado a conviver com o preconceito.
Não sabem nem português, para que aprender inglês é o preconceito vigente contra as classes populares. Despreza-se o dialeto não-padrão e acredita-se que o ensino do inglês deve ser privilégio das elites, a autora Paiva (1997) em pesquisa comprova essa hipótese até na música popular, onde encontra, por exemplo, Carmen Miranda cantando "Alô, alô, alô boy /deixa essa mania de inglês/fica tão feio pra você moreno frajola/ que nunca freqüentou os bancos da escola".
O que ficou evidente que é no curso livre o lugar para se aprender língua estrangeira. O espaço do curso livre está reservado para a elite econômica, pois as classes populares não têm como financiar seus estudos que possuem preços além das condições financeiras das famílias de baixa renda do país.
Segundo Paiva (1997) o material didático é o grande responsável pelo insucesso das aulas, o professor vive tanto na obrigação de passar o conteúdo que cumprir o programa passa a ser sinônimo de esgotar o livro, a pressão do material didático é tão forte que são poucos os professores que criam materiais próprios.
Outro ponto a ser analisado é referente ao tratamento da disciplina que vária de acordo com a escola, tanto nas avaliações como na carga horária que é insuficiente para o aprendizado eficaz do inglês.
Em conseqüência de tais fatores é que os professores vivem conflitos no seu dia-a-dia ao ensinar a língua estrangeira como também o mesmo observa o descaso e o abandono em que ficam as escolas públicas, pois ensinam uma língua que os alunos não falam e que não têm oportunidade de praticar, tornando as aulas repetitivas, de difícil compreensão e evasiva que chega ao ponto de tanto serem pressionados a aprovarem os alunos ou o índice de evasão será ainda maior, pois ao mesmo tempo em que os professores acreditam que é importante aprender inglês, ele tem que conviver com o preconceito e a desvalorização da disciplina. Enfim, apenas detectar problemas não ajuda muito, é preciso pensar em propostas e projetos para amenizar a situação e minimizar as situações que estão afetando e incomodando os docentes e prejudicando a educação no país.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

LITERATURA PORTUGUESA E AFRICANA E SUAS RELAÇÕES COM O ENSINO NO BRASIL


 
Com a descoberta do Brasil, os colonizadores trouxeram o seu idioma. Houve uma grande resistencia dos nativos, que falavam o Tupí, entre outras línguas. Até os missionários tiveram de aprender o falar a língua dos silvícolas a fim de catequizá-los ou elaborar negociações.
As primeiras manifestações literárias no país são relatos descritivos sobre o território inseridos no contexto do descobrimento e início da colonização, das quais a mais célebre é a carta de Pêro Vaz de Caminha (1500), descrevendo o encontro entre portugueses e os indígenas.
        A produção literária no Brasil ganha impulso no período barroco, em que se destacam o poeta Gregório de Matos (1636-1696) e o jesuíta Padre Antônio Vieira (1608-1697).
•      No século XVIII surge o Arcadismo, em que se destacam autores como Cláudio Manuel da Costa (1729-1789), Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810) e Basílio da Gama (1740-1795). (1636-1696) e o jesuíta Padre Antônio Vieira (1608-1697).


Com a aprovação da lei 10.639/03, tornou-se obrigatório o ensino da História da África e dos afros-descendentes, e para se  falar da Literatura Africana tem que se falar da “Negritude”, aliás esta última  constitue o tema  fundamental da literatura africana.
Houve alguns escritores como João de Lemos (Almas Negras) e José Osório de Oliveira (“Roteiro de África”) que tentaram entender a mentalidade do homem negro, pois há nas suas obras uma intenção humanística.
Temos que levar a História da África para dentro da sala de aula; a partir de suas fontes primárias ou seja, suas literaturas. Não só pela obrigatoriedade da lei, mas pela importancia que a África possui como palco das ações humanas e pelas profundas relações que ela  tem na imagem física dos brasileiros.
As literaturas africanas são  pouco estudadas no Brasil, pois há sérios problemas, o principal  é a falta de professores especializados.

ALGUNS OUTROS AUTORES DA LITERATURA AFRICANA, CUJOS TRABALHOS PODEM SERVIR COMO MATERIAL DIDÁTICO:
Os angolanos Agostinho Neto, com suas poesias Noite e sinfonia; Carlos Soromenho, com seu conto O lago enfeitiçado; Jofre Rocha, com sua poesia O Combate e com o conto O drama de Vavó Tutúri; os caboverdeanos Aguinaldo Fonseca, com sua poesia Herança; Jorge Tolentino, com seu conto A chefe; Orlanda Amarilis , com seu conto Luísa - filha de Nica; os guineenses Antonio Baticã Ferreira, com suas poesias País Natal e Mãe Negra - Mãe-África; Carlos d’Almada, com suas poesias O silêncio e Carta;
Os santomenses Carlos Espírito Santos, com sua poesia A Puíta; Frederico AnjEmília os com sua poesia Um grito diferente; o moçambicano Antonio Couto, com seus contos Jorojão vai embalando lembranças e O Perfume. Além dessas obras, há os Contos Santomenses (1984), José Craveirinha e seu poema Quero ser tambor.
A literatura africana, através de seus escritores e poetas, foi fundamental na luta contra o colonialismo, transformando-se em verdadeira arma contra o salazarismo português.
O árduo trabalho dos intelectuais desses países africanos  não foi em vão: mostra-nos a importância da língua em uma cultura, confirmando como ela pode se transformar em instrumento de luta e de libertação.

LITERATURA PORTUGUESA:
No Brasil, os conteúdos específicos de literatura são estudados no Ensino Médio. Os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN do Ensino Médio incorporaram os conteúdos de literatura, juntamente com a língua portuguesa, ao estudo da linguagem.
O Romantismo e o realismo português há décadas fazem parte dos conteúdos da literatura brasileira que é ensinada nas salas de aulas e  por estar tão incorporado na nossa cultura não é colocado de maneira explicita as diferenças de linguagem e tempo.
 ALGUNS AUTORES PORTUGUESES:
          O Trovadorismo - D. Afonso Sanches; - D. Dinis; - Martim Codax.
          O Humanismo - João Ruiz de Castelo Branco; - Fernão Lopes; - Gil Vicente.
          O Renascimento ou Classicismo - Luís de Camões.
          O Quinhentismo - Pero Vaz de Caminha; - Pe. José de Anchieta.
          O Barroco Português - Pe. António Vieira;
          O neoclassicismo Português (Arcadismo) - Manuel Maria Barbosa du Bocage.
          O Romantismo em Portugal - Almeida Garret; - Alexandre Herculano; - Camilo Castelo Branco;
          Júlio Dinis.


Enquanto o Brasil continua privilegiando a literatura portuguesa que  pelos títulos editados,  são mais lidos que literaturas de outros países  e a tem incluinda em seus currículos, em Portugal, a nossa literatura passa despercebida e há pouco interesse dos lusitanos pela literatura de sua ex-colônia.   Alexandre Herculano, Camilo Castelo Branco, Júlio Dinis, Eça de Queirós, Fernando Pessoa, José Saramago e tantos outros que fizeram e ainda estão fazendo grandiosa a literatura de Portugal.
Se para os brasileiros  é de grande importância e enriquecimento cultural saber como era o Portugal de ontem e de hoje, para os portugueses este enriquecimento certamente seria  de igual valor.
 

OS 10 MAIORES ERROS DE AUTORES INICIANTES