segunda-feira, 30 de maio de 2011

FOLCLORE BRASILERO


Podemos definir o folclore como um conjunto de mitos e lendas que as pessoas passam de geração para geração. Muitos nascem da pura imaginação das pessoas, principalmente dos moradores das regiões do interior do Brasil. Muitas destas histórias foram criadas para passar mensagens importantes ou apenas para assustar as pessoas. O folclore pode ser dividido em lendas e mitos. Muitos deles deram origem a festas populares, que ocorrem pelos quatro cantos do país.As lendas são estórias contadas por pessoas e transmitidas oralmente através dos tempos. Misturam fatos reais e históricos com acontecimentos que são frutos da fantasia, procuraram dar explicação a acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais.
Os mitos são narrativos que possuem um forte componente simbólico. Como os povos da antiguidade não conseguiam explicar os fenômenos da natureza, através de explicações científicas, criavam mitos com este objetivo: dar sentido as coisas do mundo. Os mitos também serviam como uma forma de passar conhecimentos e alertar as pessoas sobre perigos ou defeitos e qualidades do ser humano. Deuses, heróis e personagens sobrenaturais se misturam com fatos da realidade para dar sentido a vida e ao mundo. 
As cantigas de roda, também conhecidas como cirandas, são brincadeiras que consistem na formação de uma roda, com a participação de crianças, que cantam músicas de caráter folclórico, seguindo coreografias. São muito executadas em escolas, parques e outros espaços freqüentados por crianças. As músicas e coreografias são criadas por anônimos, que adaptam músicas e melodias. As letras das músicas são simples e trazem temas do universo infantil.
O folclore brasileiro é rico em danças que representam as tradições e a cultura de uma determinada região. Estão ligadas aos aspectos religiosos, festas, lendas, fatos históricos, acontecimentos do cotidiano e brincadeiras. As danças folclóricas brasileiras caracterizam-se pelas músicas animadas (com letras simples e populares) e figurinos e cenários representativos. Estas danças são realizadas, geralmente, em espaços públicos: praças, ruas e largos.As brincadeiras folclóricas são aquelas que passam de geração para geração. Muitas delas existem há décadas ou até séculos. Costumam sofrer modificações de acordo com a região e a época, porém, a essência das brincadeiras continua a mesma da origem.

Algumas lendas, mitos e contos folclóricos do Brasil.


Boitatá, boto, curupira, lobisomem, mãe d’agua, corpo santo, pisadeira, mula sem cabeça, saci pererê.

Boitatá: Representada por uma cobra de fogo que protege as matas e os animais e tem a capacidade de perseguir e matar aqueles que desrespeitam a natureza. Acredita-se que este mito é de origem indígena e que seja um dos primeiros do folclore brasileiro. Foram encontrados relatos do boitatá em cartas do padre jesuíta José de Anchieta, em 1560. Na região nordeste, o boitatá é conhecido como "fogo que corre".

Mula sem cabeça: Surgido na região interior, conta que uma mulher teve um romance com um padre. Como castigo, em todas as noites de quinta para sexta-feira é transformada num animal quadrúpede que galopa e salta sem parar, enquanto solta fogo pelas narinas.

Saci pererê: O Saci-Pererê é um dos personagens mais conhecidos do folclore brasileiro. Provavelmente, surgiu entre povos indígenas da região Sul do Brasil, ainda durante o período colonial (possivelmente no final do século XVIII). Nesta época, era representado por um menino indígena de cor morena e com um rabo, que vivia aprontando travessuras na floresta. Porém, ao migrar para o norte do país, o mito e o personagem sofreram modificações ao receberem influências da cultura africana. O Saci transformou-se num  jovem negro com apenas uma perna, pois, de acordo com o mito, havia perdido a outra numa luta de capoeira. Passou a ser representado usando um gorro vermelho e um cachimbo, típico da cultura africana. Até os dias atuais ele é representado desta forma. Com o objetivo de diminuir a importância da comemoração do Halloween no Brasil, foi criado em caráter nacional, em 2005, o Dia do Saci ( 31 de outubro). Uma forma de valorizar mais o folclore nacional, diminuindo a influência da cultura norte-americana em nosso país. 

Lobisomem: Este mito aparece em várias regiões do mundo. Diz o mito que um homem foi atacado por um lobo numa noite de lua cheia e não morreu, porém desenvolveu a capacidade de transforma-se em lobo nas noites de lua cheia. Nestas noites, o lobisomem ataca todos aqueles que encontra pela frente. Somente um tiro de bala de prata em seu coração seria capaz de matá-lo.

Mãe-D'água: Encontramos na mitologia universal um personagem muito parecido com a mãe-d'água : a sereia. Este personagem tem o corpo metade de mulher e metade de peixe. Com seu canto atraente, consegue encantar os homens e levá-los para o fundo das águas.

Corpo-seco: É uma espécie de assombração que fica assustando as pessoas nas estradas. Em vida, era um homem que foi muito malvado e só pensava em fazer coisas ruins, chegando a prejudicar e maltratar a própria mãe. Após sua morte, foi rejeitado pela terra e teve que viver como uma alma penada.

Pisadeira: É uma velha de chinelos que aparece nas madrugadas para pisar na barriga das pessoas, provocando a falta de ar. Dizem que costuma aparecer quando as pessoas vão dormir de estômago muito cheio.

Mãe-de-ouro: Representada por uma bola de fogo que indica os locais onde se encontra jazidas de ouro. Também aparece em alguns mitos como sendo uma mulher luminosa que voa pelos ares. Em alguns locais do Brasil, toma a forma de uma mulher bonita que habita cavernas e após atrair homens casados, os faz largar suas famílias.

Cantigas de Roda – Cirandas

Capelinha de melão                                                
Capelinha de melão
É de São João É de manjericão
São João está dormindo
Não acorda, não
Acordai, acordai,
Acordai, João! 
Caranguejo
Caranguejo não é peixe
Caranguejo peixe é
Caranguejo não é peixe
Na vazante da maré.
Palma, palma, palma,
Pé, pé, pé
Caranguejo só é peixe, na vazante da maré!

Principais danças folclóricas do Brasil
Samba de Roda: Estilo musical caracterizado por elementos da cultura afro-brasileira. Surgiu no estado da Bahia, no século XIX. É uma variante mais tradicional do samba. Os dançarinos dançam numa roda ao som de músicas acompanhadas por palmas e cantos. Chocalho, pandeiro, viola, atabaque e berimbau são os instrumentos musicais mais utilizados.
Maracatu: O maracatu é um ritmo musical com dança típico da região pernambucana. Reúne uma interessante mistura de elementos culturais afro-brasileiros, indígenas e europeus. Possui uma forte característica religiosa. Os dançarinos representam personagens históricos (duques, duquesas, embaixadores, rei e rainha). O cortejo é acompanhado por uma banda com instrumentos de percussão (tambores, caixas, taróis e ganzás).
Frevo: Este estilo pernambucano de carnaval é uma espécie de marchinha muito acelerada, que, ao contrário de outras músicas de carnaval, não possui letra, sendo simplesmente tocada por uma banda que segue os blocos carnavalescos enquanto os dançarinos se divertem dançando. Os dançarinos de frevo usam, geralmente, um pequeno guarda-chuva colorido como elemento coreográfico.
Baião: Ritmo musical, com dança, típico da região nordeste do Brasil. Os instrumentos usados nas músicas de baião são: triângulo, viola, acordeom e flauta doce. A dança ocorre em pares (homem e mulher) com movimentos parecidos com o do forró (dança com corpos colados). O grande representante do baião foi Luiz Gonzaga.
Quadrilha: É uma dança típica da época de festa junina. Há um animador que vai anunciando frases e marcando os momentos da dança. Os dançarinos (casais), vestidos com roupas típicas da cultura caipira (camisas e vestidos xadrezes, chapéu de palha) vão fazendo uma coreografia especial. A dança é bem animada com muitos movimentos e coreografias. As músicas de festa junina mais conhecidas são: Capelinha de Melão, Pula Fogueira e Cai,Cai balão

Jogos, brincadeiras e brinquedos do folclore.


- Soltar pipa: as pipas, também conhecidas como papagaios, são feitas de varetas de madeira e papel. Coloridas, são empinadas (soltadas) pelos meninos em dias de vento. Com uma linha, os garotos conseguem direcionar e fazer malabarismos no céu.
- Estilingue: também conhecidos como bodoques, são feitos de galhos de madeira e borracha. Os meninos usam pedras para acertar alvos (latas, garrafas e outros objetos). 
Pega-pega: esta brincadeira envolve muita atividade física. Uma criança deve correr e tocar outra. A criança tocada passa  ter que fazer o mesmo.
- Esconde-esconde: o objetivo é se esconder e não ser encontrado pela criança que está procurando. A criança que deverá procurar deve ficar de olhos tapados e contar até certo número enquanto as outras se escondem. Para ganhar, a criança que está procurando deve encontrar todos os escondidos e correr para a base. 

Bola de gude: coloridas e feitas de vidro, são jogadas no chão de terra pelos meninos. O objetivo é bater na bolinha do adversário para ganhar pontos ou a própria bola do colega.

Boneca de pano: feitas pelas mães e avós, são usadas em brincadeiras pelas meninas para simular crianças integrantes de uma família imaginária.

Pião: a brincadeira de pião ainda faz muito sucesso, principalmente, nas regiões do interior do Brasil. Feitos de madeira, os piões são rodados no chão através de um barbante que é enrolado e puxado com força. Muitas crianças pintam seus piões. Para deixar mais emocionante a brincadeira, muitos meninos fazem malabarismo com os piões enquanto eles rodam. O mais conhecido é pegar o pião com a palma da mão enquanto ele está rodando.

Danças Folclóricas:

Maculelê:  Tipo de dança, bailado, que se exibe na festa de Nossa Senhora da Purificação, na cidade de Santo Amaro, Bahia. Acredita-se ter evoluído do cucumbi (antigo folguedo de negros) até tornar-se um misto de dança e jogo de bastões, chamados grimas (esgrimas), com os quais os participantes desferem e aparam golpes. Num grau maior de dificuldade e ousadia, pode-se dançar com facões em lugar de bastões, o que dá um bonito efeito visual pelas faíscas que saem após cada golpe.Conta-se a história de que”Maculelê” era um negro fugido que tinha doença de pele. Ele foi acolhido por uma tribo indígena e cuidado por eles, mas ainda assim não podia realizar todas as atividades com o grupo, por não ser um índio também.Certa vez, Maculelê foi deixado sozinho na aldeia, quando a tribo saiu para caçar. E eis que uma tribo rival aparece para dominar o espaço.Maculelê lutou sozinho contra o grupo rival e, heroicamente, venceu a disputa. Desde então passou a ser considerado um herói na tribo.

Capoeira: A capoeira é uma expressão cultural Afro-brasileira que mistura luta, dança, cultura popular, música. Desenvolvida no Brasil por escravos africanos e seus descendentes, é caracterizada por golpes e movimentos ágeis e complexos, utilizando os pés, as mãos, a cabeça, os joelhos, cotovelos, elementos ginástico-acrobáticos, e golpes desferidos com bastões e facões, estes últimos provenientes do Maculelê. Uma característica que a distingue da maioria das outras artes marciais é o fato de ser acompanhada

Bumba-meu-boi, boi-bumbá ou pavulagem é uma dança do folclore popular brasileiro, com personagens humanos e animais fantásticos, que gira em torno da morte e ressurreição de um boi. Hoje em dia é muito popular e conhecida.
 .A essência da lenda enlaça a sátira, a comédia, a tragédia e o drama, e demonstra sempre o contraste entre a fragilidade do homem e a força bruta de um boi. Reverencia o boi livre e nativo da floresta Amazônica, bem como a alegria.
   
LITERATURA DE CORDEL:

Difundidos por toda a Europa, essa forma popular de literatura, chamada “de cordel”, foi transladada para o continente americano pela ação de seus descobridores espanhóis e portugueses, à medida que se instalavam nas terras por eles conquistadas.
“Nas naus colonizadoras, com os lavradores, os artíficies, a gente do povo, veio naturalmente à tradição do Romanceiro, que se fixaria no Nordeste do Brasil, como literatura de cordel”.(Câmara Cascudo, 1973).
Foi no Nordeste do Brasil (da Bahia ao Pará) que essa literatura de cordel se arraigou mais profundamente e continua como forma viva de comunicação, tornando-se uma das características diferenciadores dos costumes dessa imensa região, em relação às demais regiões brasileiras. Pela interpretação do grande pesquisador que foi Câmara Cascudo, sabemos que, “No Nordeste, por condições sociais e culturais peculiares, foi possível o surgimento da literatura de cordel, da maneira como se tornou hoje em dia característica da própria fisionomia cultural da região  Segundo os pesquisadores, o Brasil é o maior produtor de literatura de cordel, no mundo ocidental: em cem anos publicou cerca de 20.000 folhetos, embora em pequenas tiragens (entre 100 e 200 exemplares cada). (Joseph M. Luyten)”.
Há cantadores e cordelistas famosos (Leandro Gomes de Barros, João Martins de Athayde, Cuíca de Santo Amaro, pseud. de José Gomes, Rodolfo Coelho Cavalcante Raimundo Santa Helena; Francklin Machado; Paulo Nunes Batista, entre outros) que, além de cantarem e imprimirem os textos tradicionais inventa cantorias com temas gerados pelas circunstâncias de seu tempo, pelo dia-a-dia do povo, e que servem de informação, deleite do ouvinte ou leitor, ou denúncia dos mal-feitos em prejuízo de alguém.
Com o correr dos tempos e o progresso urbano que, embora devagar, atingiu o Nordeste brasileiro, muitos costumes antigos desapareceram, mas a literatura de cordel resistente, mantém-se viva até hoje, concorrendo com a rádio, o cinema e a televisão, para o entretenimento do povo nas praças, ruas, feiras, mercados ou em qualquer lugar em que haja um cantador e sua viola.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Inglês: A Disciplina Órfã do Ensino Público


O professor de inglês deveria ter, além de consciência política, bom domínio do idioma (oral e escrito) e sólida formação pedagógica com aprofundamento em lingüística aplicada. Em número reduzido, temos profissionais bem formados dentro do perfil ideal que acabamos de descrever.
É notável que ainda nos tempos atuais professores e as escolas não se libertaram de alguns mitos que existem no ensino do inglês, por exemplo, a escola secundária, especialmente a pública, que não é competente para ensinar línguas estrangeiras, pois na opinião de professores o ensino público é prejudicado pela ausência de incentivos do governo e prefeituras e torna-se obrigado a conviver com o preconceito.
Não sabem nem português, para que aprender inglês é o preconceito vigente contra as classes populares. Despreza-se o dialeto não-padrão e acredita-se que o ensino do inglês deve ser privilégio das elites, a autora Paiva (1997) em pesquisa comprova essa hipótese até na música popular, onde encontra, por exemplo, Carmen Miranda cantando "Alô, alô, alô boy /deixa essa mania de inglês/fica tão feio pra você moreno frajola/ que nunca freqüentou os bancos da escola".
O que ficou evidente que é no curso livre o lugar para se aprender língua estrangeira. O espaço do curso livre está reservado para a elite econômica, pois as classes populares não têm como financiar seus estudos que possuem preços além das condições financeiras das famílias de baixa renda do país.
Segundo Paiva (1997) o material didático é o grande responsável pelo insucesso das aulas, o professor vive tanto na obrigação de passar o conteúdo que cumprir o programa passa a ser sinônimo de esgotar o livro, a pressão do material didático é tão forte que são poucos os professores que criam materiais próprios.
Outro ponto a ser analisado é referente ao tratamento da disciplina que vária de acordo com a escola, tanto nas avaliações como na carga horária que é insuficiente para o aprendizado eficaz do inglês.
Em conseqüência de tais fatores é que os professores vivem conflitos no seu dia-a-dia ao ensinar a língua estrangeira como também o mesmo observa o descaso e o abandono em que ficam as escolas públicas, pois ensinam uma língua que os alunos não falam e que não têm oportunidade de praticar, tornando as aulas repetitivas, de difícil compreensão e evasiva que chega ao ponto de tanto serem pressionados a aprovarem os alunos ou o índice de evasão será ainda maior, pois ao mesmo tempo em que os professores acreditam que é importante aprender inglês, ele tem que conviver com o preconceito e a desvalorização da disciplina. Enfim, apenas detectar problemas não ajuda muito, é preciso pensar em propostas e projetos para amenizar a situação e minimizar as situações que estão afetando e incomodando os docentes e prejudicando a educação no país.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

LITERATURA PORTUGUESA E AFRICANA E SUAS RELAÇÕES COM O ENSINO NO BRASIL


 
Com a descoberta do Brasil, os colonizadores trouxeram o seu idioma. Houve uma grande resistencia dos nativos, que falavam o Tupí, entre outras línguas. Até os missionários tiveram de aprender o falar a língua dos silvícolas a fim de catequizá-los ou elaborar negociações.
As primeiras manifestações literárias no país são relatos descritivos sobre o território inseridos no contexto do descobrimento e início da colonização, das quais a mais célebre é a carta de Pêro Vaz de Caminha (1500), descrevendo o encontro entre portugueses e os indígenas.
        A produção literária no Brasil ganha impulso no período barroco, em que se destacam o poeta Gregório de Matos (1636-1696) e o jesuíta Padre Antônio Vieira (1608-1697).
•      No século XVIII surge o Arcadismo, em que se destacam autores como Cláudio Manuel da Costa (1729-1789), Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810) e Basílio da Gama (1740-1795). (1636-1696) e o jesuíta Padre Antônio Vieira (1608-1697).


Com a aprovação da lei 10.639/03, tornou-se obrigatório o ensino da História da África e dos afros-descendentes, e para se  falar da Literatura Africana tem que se falar da “Negritude”, aliás esta última  constitue o tema  fundamental da literatura africana.
Houve alguns escritores como João de Lemos (Almas Negras) e José Osório de Oliveira (“Roteiro de África”) que tentaram entender a mentalidade do homem negro, pois há nas suas obras uma intenção humanística.
Temos que levar a História da África para dentro da sala de aula; a partir de suas fontes primárias ou seja, suas literaturas. Não só pela obrigatoriedade da lei, mas pela importancia que a África possui como palco das ações humanas e pelas profundas relações que ela  tem na imagem física dos brasileiros.
As literaturas africanas são  pouco estudadas no Brasil, pois há sérios problemas, o principal  é a falta de professores especializados.

ALGUNS OUTROS AUTORES DA LITERATURA AFRICANA, CUJOS TRABALHOS PODEM SERVIR COMO MATERIAL DIDÁTICO:
Os angolanos Agostinho Neto, com suas poesias Noite e sinfonia; Carlos Soromenho, com seu conto O lago enfeitiçado; Jofre Rocha, com sua poesia O Combate e com o conto O drama de Vavó Tutúri; os caboverdeanos Aguinaldo Fonseca, com sua poesia Herança; Jorge Tolentino, com seu conto A chefe; Orlanda Amarilis , com seu conto Luísa - filha de Nica; os guineenses Antonio Baticã Ferreira, com suas poesias País Natal e Mãe Negra - Mãe-África; Carlos d’Almada, com suas poesias O silêncio e Carta;
Os santomenses Carlos Espírito Santos, com sua poesia A Puíta; Frederico AnjEmília os com sua poesia Um grito diferente; o moçambicano Antonio Couto, com seus contos Jorojão vai embalando lembranças e O Perfume. Além dessas obras, há os Contos Santomenses (1984), José Craveirinha e seu poema Quero ser tambor.
A literatura africana, através de seus escritores e poetas, foi fundamental na luta contra o colonialismo, transformando-se em verdadeira arma contra o salazarismo português.
O árduo trabalho dos intelectuais desses países africanos  não foi em vão: mostra-nos a importância da língua em uma cultura, confirmando como ela pode se transformar em instrumento de luta e de libertação.

LITERATURA PORTUGUESA:
No Brasil, os conteúdos específicos de literatura são estudados no Ensino Médio. Os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN do Ensino Médio incorporaram os conteúdos de literatura, juntamente com a língua portuguesa, ao estudo da linguagem.
O Romantismo e o realismo português há décadas fazem parte dos conteúdos da literatura brasileira que é ensinada nas salas de aulas e  por estar tão incorporado na nossa cultura não é colocado de maneira explicita as diferenças de linguagem e tempo.
 ALGUNS AUTORES PORTUGUESES:
          O Trovadorismo - D. Afonso Sanches; - D. Dinis; - Martim Codax.
          O Humanismo - João Ruiz de Castelo Branco; - Fernão Lopes; - Gil Vicente.
          O Renascimento ou Classicismo - Luís de Camões.
          O Quinhentismo - Pero Vaz de Caminha; - Pe. José de Anchieta.
          O Barroco Português - Pe. António Vieira;
          O neoclassicismo Português (Arcadismo) - Manuel Maria Barbosa du Bocage.
          O Romantismo em Portugal - Almeida Garret; - Alexandre Herculano; - Camilo Castelo Branco;
          Júlio Dinis.


Enquanto o Brasil continua privilegiando a literatura portuguesa que  pelos títulos editados,  são mais lidos que literaturas de outros países  e a tem incluinda em seus currículos, em Portugal, a nossa literatura passa despercebida e há pouco interesse dos lusitanos pela literatura de sua ex-colônia.   Alexandre Herculano, Camilo Castelo Branco, Júlio Dinis, Eça de Queirós, Fernando Pessoa, José Saramago e tantos outros que fizeram e ainda estão fazendo grandiosa a literatura de Portugal.
Se para os brasileiros  é de grande importância e enriquecimento cultural saber como era o Portugal de ontem e de hoje, para os portugueses este enriquecimento certamente seria  de igual valor.
 

sexta-feira, 13 de maio de 2011

RELEITURAS E ADAPTAÇÕES DE CLASSICOS DA LITERATURA BRASILEIRA

Os clássicos da nossa literatura sofreram varias adaptações e releituras ao longo dos tempos tendo como objetivo, o alcance dessas obras a uma camada maior da população.
Vários livros foram adaptados para: cinema, telenovela e teatro. Também tivemos releituras no formato de histórias em quadrinhos para aqueles que preferem uma historia com um tipo de leitura diferente e ilustrativo.
ADAPTAÇOES QUE FIZERAM OU FAZEM SUCESSO ATÉ HOJE
 ● SITIO DO PICA PAU AMARELO
 Autor - Monteiro Lobato.
 Característica-Literatura infantil
 Publicação - Dezembro de 1920
 Personagens - Emília, Narizinho, Pedrinho, Dona Benta, Tia Nastácia, Rabicó, Quindim, Saci, Tio Barnabé e a Cuca.
A primeira adaptação para a TV, ocorreu em 3 de junho de 1952, na  TV Tupi. Depois vieram outras produções como: TV Cultura em 1964 e TV Bandeirante em 1967.
Porém a mais conhecida e exportada foi a rede Globo em 1977. Teve Dorival Caymmi na direção musical e música de Gilberto Gil. Em Julho de 2000,  Rede Globo assinou contrato de 10 anos com os herdeiros de Monteiro Lobato, para produzirem uma nova historia do sítio do pica pau amarelo por 10 anos.
Também a obra de Monteiro Lobato foi adaptada para o Teatro na forma de Musical.
Segundo Flávio de Souza, que fez a montagem o objetivo era divulgar a cultura e arte nacional, bem como, homenagear uma dos maiores escritores brasileiro.
 ●GABRIELA, CRAVO E CANELA.
Publicado em 1958 após o XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética, posicionou-se contrário a ditadura de Stalin, Jorge Amado sente  que está ficando para traz, pois a literatura não poderia se manter com dogma de  esquerda como era da época.
A partir de Gabriela surgi um novo Jorge, menos esquerdista e mais democrático.
O livro é um retorno ao ciclo do cacau, ao citar o universo dos coronéis, jagunços, prostitutas e trambiqueiros.
O livro sofreu adaptações para:
Telenovela - TV Tupi 1960, TV Globo 1975 com Sonia Braga no papel principal. E atualmente (2012) com Juliana Paes.
Cinema - Dirigido por Bruno Barreto em 1983, também com Sonia Braga no papel principal.
Dança-espetáculo apresentado pelo corpo de balé do Teatro Municipal do Rio de Janeiro.
Fotonovela-Revista amiga RJ outubro de 1975.
 ● TIETA DO AGRESTE
Outro romance de sucesso de Jorge Amado foi  Tieta do Agreste um romance de 700 páginas escrito em 1977, que mostra a vida, os costumes e as crenças do povo nordestino.
Tieta foi sucesso na TV como novela dirigida por: Agnaldo Silva, Ana Maria Moretizon e Ricardo Linhares.
No cinema fora adaptado por João Ubaldo Ribeiro e Cacá Diegues
No Teatro virou musical após adaptação feita por Cristina Trevisan e Pedro Paulo Bogossiam.
Essas são algumas das varias outras adaptações que tivemos o prazer  de apreciá-las. Se formos relatar todas será necessário um tempo maior, logo se podem citar outras como: O Auto da Compadecida e a Pedra do Reino de Ariano Suassuna, Dona Flor e seus Dois Maridos de Jorge Amado adaptado em 1976, do gênero comédia, dirigido por Bruno Barreto, Macunaíma que foi adaptado em 1969, de genero comédia, dirigido por Joaquim Pedro de Andrade.
RELEITURAS DE CLASSICOS DA LITERATURA BRASILEIRA
 A releitura é uma forma de nos posicionar-mos diante de um texto obedecendo sempre o texto original e seus personagens.
Segundo Luiz Antonio Aguiar, várias releituras de obras literárias são para aqueles que acham o texto original um porre, e preferem ver essas historias de forma diferente, pois é assim que geralmente  as historias são transformadas em quadrinhos.
ALGUMAS OBRAS LITERÁRIAS QUE FORAM TRANSFORMADAS EM HISTÓRIAS EM QUADRINHOS
Desde cedo sabemos que a adaptação de um livro para quadrinhos pode deixar a leitura mais fácil, principalmente tratando-se de obras complexas que existem em nossa literatura.
Em estudo, comprovou-se que a atividade de exercitar os alunos em sala de aula a criarem histórias em quadrinhos a partir da compreensão da leitura de um texto ou de sua própria criatividade tornou o aprendizado mais fácil, pois os jovens gostam de trabalhar com a imagem, com o desenho.
Desenhar permite usar a imaginação ao criar como devem ser os personagens e os cenários da história.
O uso de adaptações para quadrinhos de obras literários tem movimentado bastante o mercado de livros didáticos nos últimos tempos, o que levou o Ministério da Educação (MEC) a incluir dezenove histórias adaptadas na lista do Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE) de 2009, visando a qualidade e a importância da variação dos recursos didáticos que podem ser usados nas escolas e nas aulas tanto do ensino fundamental como nas aulas do ensino médio.
Algumas das principais obras que foram transformadas em quadrinhos são:
● O Alienista-Machado de  Assis
● O Guarani-José de Alencar
●  O Cortiço - Aluísio Azevedo
 

A adaptação de clássicos literários para a televisão é um aperitivo, convida a leitura.
Embora a adaptação de clássicos para a televisão tenha sido mais valorizada nos últimos anos, a prática é uma estratégia antiga que na teledramaturgia brasileira vem ganhando espaço onde novelas são escritas inspiradas em romances e que chamam a atenção do telespectador, além de incentivar a leitura e apreciação dos clássicos de nossa literatura.
Tanto os adultos quanto crianças querem emoção, se for esperto, vai procurar o livro, mas nem todas as pessoas são grandes leitores, e a partir dessa falta de motivação pela leitura que o docente entra como intermediador, buscando usar dessas ferramentas didáticas para mudar tal estática, pois as chances de quem assistiu as boas adaptações na televisão, teatro e cinema chegar ao livro são maiores, por que o docente proporcionará meios em sala de aula de mostrar esse mundo imaginário e poético, como também de vida real de nossa literatura, trabalhando com gravuras, recortes e desenhos despertando a curiosidade e a criatividade dos mesmos.
Por conseguinte, após analisarmos em pesquisa de observação das condições do ensino das escolas públicas, nota-se que é possível sim levar novas metodologias para o ensino e aprendizado de literatura em sala de aula. Usar as adaptações para chegar ao livro, sem tirar sua importância e sim principalmente buscar reverter os casos dos alunos que não se interessam pela leitura, faz com que a experiência em sala de aula de assistir um filme ou um trecho de novelas adaptadas (ter uma prévia da história), fará com que o aluno compreenda o conteúdo e assim tenha incentivos para buscar conhecimentos mais específicos, mais técnicos, enfim o professor com tal postura e preocupação com a inclusão da literatura no dia-a-dia dos alunos, contribui com o incentivo, a cultura e valorização da nossa literatura que ao mesmo tempo que é tão rica é pouco incentivada por descaso e falta de maiores planejamentos, preservação e enriquecimento cultural de nossos estudantes e cidadãos.
Livros nem todos podem ter acesso, contudo existem outras formas que podem ser tão prazerosas quanto ler um livro!


terça-feira, 10 de maio de 2011

Tropicalismo e o movimento modernista no Brasil

O cenário histórico em 1964 se apresentava de forma conturbada, o 
presidente João Goulart propôs uma série de reformas de base, na tentativa 
de reverter o grave problema da desigualdade social no Brasil. Esta visão se 
chocou a da direita, que propunha uma modernização conservadora. Com a 
participação do Congresso, das classes média e alta, essa facção venceu, com 
a deposição do presidente e a tomada do poder pelos militares. O golpe foi 
apoiado pelos americanos e rompeu o regime da época, a democracia. A 
burguesia manteve a concentração de renda e promoveu a expansão capitalista. 
O general Castelo Branco se tornou o primeiro de uma série de presidentes 
da ditadura e seu substituto foi Costa e Silva, que governou o país de 1967 
a 1969 com mais poder ainda.
 
Também no terreno político, 1968 foi o ano em que as tensões chegaram ao 
máximo, com as greves operárias e as manifestações estudantis. Em 
consequência as repressões policiais se intensificaram e as guerrilhas rural 
e urbana aumentaram suas ações, com o crescimento da oposição, Costa e 
Silva, pressionado pela extrema direita, respondeu com o endurecimento 
político. Em dezembro, o Ato Institucional nº 5 decretou o fim das 
liberdades civis e de expressão, sacramentando a censura.
 
Já no cenário cultural, o pais passava por uma revolução. Haviam intensas 
produções de teatro, canções de protesto e as músicas da jovem guarda. Em 
todas as áreas mantinha-se acesa uma polêmica que propunha experimentalismo 
e engajamento, participação e alienação. Em 1968 as controvérsias tomaram 
grandes proporções. No campo da música, houveram confrontos entre os 
artistas nacionalistas de esquerda e os vanguardistas do Tropicalismo. Estes 
se exprimiram contra o autoritarismo e a desigualdade. Mas propuseram a 
internacionalização da cultura e uma nova expressão do pais. 

Grande parte das idéias do movimento tropicalista possui algum tipo de 
relação com as propostas utilizadas durante as décadas de 1920 e 1930, dos 
artistas ligados ao “Movimento antropofágico”, como Mário de Andrade, 
Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade, entre outros, são especialmente 
coincidentes as propostas de digerir a cultura exportada pelas potências 
culturais, como a Europa e os EUA, e “regurgitá-la” após ela ser mesclada 
com a cultura popular brasileira e as identidades nacionais. Em ambas as 
propostas havia a intenção de definir a cultura nacional como algo 
heterogêneo e repleto de diversidade, porém em ambos os movimentos esta 
identidade é marcada por uma não identidade, mas ainda assim bastante rica.
A grande diferença entre as duas propostas (a antropofágica e a 
tropicalista) é que a primeira estava interessada na digestão da cultura 
erudita que estava sendo exportada, enquanto os tropicalistas incorporavam 
todo tipo de referencial estético, seja erudito ou popular. E estes 
introduzem uma questão nova, a cultura não necessariamente popular, mas 
“pop”. O movimento, neste sentido, foi bastante influenciado pela estética 
da pop art e reflete todo tipo de criação cultural, independente de classe 
social e opção política.
Ainda que tenha sido bastante influenciado por movimentos artísticos que 
costuma estar associados à idéia de vanguarda negativa, o Tropicalismo 
também manifestou-se como um desdobramento do Concretismo da década de 1950 
(especialmente da Poesia concreta). A preocupação dos tropicalistas em 
tratar a poesia de suas canções como elemento plástico, criando jogos 
linguísticos e brincadeiras com as palavras é um reflexo do Concretismo.
 
Durante a década de 1960, delinearam-se na música popular brasileira três 
grandes tendências: a primeira era composta por artistas que herdaram a 
experiência da Bossa Nova (ou seus próprios representantes), e compunham uma 
música que possuía relações com o samba e o jazz (grupo no qual pode-se 
inserir a figura de Chico Buarque); um segundo grupo reunido sob o título 
"Canção de Protesto", que em geral estava pouco interessado em discutir a 
música propriamente dita mas fazer da canção um instrumento de crítica 
política e social (neste grupo destaca-se a figura de Geraldo Vandré); e 
finalmente havia um terceiro grupo, especialmente dedicado a promover 
experimentações e inovações estéticas na música formado justamente pelos 
artistas tropicalistas.
Baseados no Concretismo e também no atual universo pop, com o 
psicodelismo morrendo e novas tendências surgindo, um grupo de cineastas, 
jornalistas, músicos e intelectuais resolveu fundar um movimento brasileiro 
mas com possibilidades de se transformar em escala mundial: o Tropicalismo.
 
Segundo Oswald de Andrade a filosofia Tropicalista se reflete em 
algumas das frases da época; "Diga-me com quem andas e te direi quem és." 
"Eu sou um homem que trabalha há dez anos e nunca tirou férias." "Graças a 
Deus não devo nada a ninguém e na minha casa não falta nada."
 
Essas e muitas outras frases do gênero, além de quase todos os 
provérbios da língua portuguesa, formarão a linha mestra da filosofia de 
vida tropicalista. Dia das mães, reveillon e Natal são festividades da maior 
importância porque o Tropicalismo exige eventos e efemérides. As 
comemorações serão feitas ao ar livre, em contato com a Natureza, em 
infindáveis piqueniques onde estarão sempre presentes laranjas, bananas, 
fritadas de vagem e garrafas de guaraná com leite dentro, rolhas de papel de 
pão. Abaixo os jantares e coquetéis.
 
No contexto nacional, o Tropicalismo se beneficiou de contatos com outras 
áreas artísticas, notadamente com importantes trabalhos de vanguarda. Como o 
filme Terra em Transe, de Glauber Rocha, e a peça O Rei da Vela, montada por 
José Celso Martinez Corrêa. Como a instalação Tropicália, do artista visual 
neoconcretista Hélio Oiticica, que lhe emprestou o nome. A poesia concreta 
dos irmãos Augusto de Campos e Haroldo de Campos e Décio Pignatari, que o 
apoiaram à primeira hora. A poesia e a filosofia antropofágica do modernista 
Oswald de Andrade (autor de O Rei da Vela), que lhe serviu de inspiração e 
orientação.
 
Entretanto dado o caráter repressivo do período, a intelectualidade da 
época (e principalmente determinadas fatias da juventude universitária 
ligadas ao movimento estudantil) tendiam a rejeitar a proposta tropicalista, 
considerando seus representantes alienados. Apenas décadas mais tarde, 
quando o movimento já havia se esvaziado, ele passou a ser efetivamente 
compreendido e deixou de ser tão menosprezado.
 
Referencia 
 
ANDRADE, Oswald de. O pensamento vivo de Oswald de Andrade. Rio de Janeiro: 
Ediouro, s.d.
 
CALADO, Carlos. Tropicália: a história de uma revolução musical. São Paulo: 
Ed. 34, 1997.

domingo, 8 de maio de 2011

A Águia


A águia empurra gentilmente seus filhotes para a beirada do ninho. Seu coração maternal se acelera com as emoções conflitantes, ao mesmo tempo em que ela sente resistência dos filhotes aos seus  persistentes cutucões: "Por que a emoção de voar tem que começar com o medo de cair?", ela pensou. Esta questão secular ainda não estava respondida para ela...

Como manda a tradição da espécie, o ninho estava localizado bem no alto de um  pico rochoso, nas fendas protetoras de um dos lados dessa rocha.  Abaixo dele, somente o abismo e o ar para sustentar as asas dos filhotes. " E se justamente agora isto não funcionar?", ela pensou.

Apesar do medo, a águia sabia que aquele era o momento. Sua missão maternal estava prestes a se completar. Restava ainda, uma tarefa final...o empurrão.

A águia tomou-se de coragem que vinha de sua sabedoria interior. Enquanto os filhotes não descobrirem suas asas, não haverá propósito para sua vida. Enquanto eles não aprenderem a voar, não compreenderão o privilégio que é nascer uma águia.

O empurrão era o maior presente que ela podia oferecer-lhes. Era seu supremo ato de amor. E então, um a um, ela os precipitou para o abismo...e eles voaram!

Então para todas que são mães e sabem que os filhos são presentes de Deus e que o ser Mãe que sempre ama e cuida, sabe e sente assim como a águia que são os empurrões de cada dia que se aprende a voar.

sábado, 7 de maio de 2011

Os elementos da Textualidade e a produção de sentido no texto: Princípios e a prática docente

 
Os princípios da textualidade que serão apresentados neste trabalho como ferramentas para a produção de sentido no texto são: a contextualização, a coesão, a coerência e os cinco fatores pragmáticos (intencionalidade, informatividade, aceitabilidade, situacionalidade e intertextualidade).
Inicialmente destacaremos as características necessárias para a produção de sentido no texto.
Ao elaborar qualquer tipo de texto seja ele literário ou não, devem-se destacar os principais elementos que o autor utilizará para a transmissão de idéias e assim elaborar as informações necessárias para a compreensão do interlocutor.
A produção de sentido no texto está inteiramente ligado a leitura e compreensão.
Segundo Marcuschi (2003)... “a produção textual não é uma simples atividade de codificação  e a leitura não é um processo de mera decodificação”, logo o que pode-se concluir desta afirmativa é que tanto o processo de criação de texto quanto a leitura são procedimentos que requerem saberes prévios acerca dos conteúdos e sua exploração implica compreender os significados e a finalidade do texto.
Não adianta decodificar sem assimilação e compreensão.
Quando se estuda a produção textual e seus elementos e comparamos na prática, verificamos que o principal desafio entre os alunos é aplicarem os procedimentos ensinados, de forma estrutural que possa lhe direcionar nas possibilidades de interpretação que está totalmente atrelado as diversas estratégias e conhecimentos, lhes dando sentido e facilidade na leitura e na escrita.
Portanto, vale discorrer acerca de alguns elementos da textualidade para entendermos as dificuldades no ensino, na produção e elaboração textual.
Halliday e Hasan (1976) afirmam que o que permite determinar se uma série de sentenças constitui ou não um texto são as relações coesivas com e entre as sentenças, que criam a textura:

Um texto tem uma textura e é isto que o distingue de um não texto. O texto é formado pela relação semântica de coesão.

Entendem, então, coesão como um conceito semântico referente às relações de sentido que se estabelecem entre os enunciados que compõem o texto, assim, a interpretação de um elemento depende da interpretação de outro.
A coerência, por sua vez, refere-se aos modos como os componentes do universo textual, isto é, os conceitos e as relações subjacentes ao texto de superfície, se unem numa configuração de maneira reciprocamente acessível e relevante.
O contexto pode ser analisado de diversas formas, porém um dos conceitos mais abrangente para esclarecer a sua importância na produção de sentido no texto é a teoria de Van Dijk (1997) que define contexto como um conjunto de todas as propriedades de situação social que são sistematicamente relevantes para a produção, compreensão ou funcionamento do discurso e de suas estruturas; o estudo e aplicabilidade da contextualidade são de grande importância na produção de texto por que implica um dos fatores pragmáticos que é o grau de informatividade e é este embasamento que vai dar ao texto a riqueza de seu conteúdo, o foco para o que será escrito e por isso a contextualidade é elemento fundamental, portanto devido a estes fatores que os elementos da textualidade devem ser abordados nas escolas de maneira incisiva para que os alunos desmistifiquem as aulas de produção de texto, pois alunos bem informados e com conteúdos contextualizados possuem o primeiro passo para uma boa redação.

Os fatores pragmáticos são aqueles que analisamos dentro e fora do texto, de forma direta e indireta, pois ao ler um texto identificam-se a sua intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade, informatividade e intertextualidade, sendo está última a que mais apresenta dificuldades de assimilação dos alunos.
Os fatores pragmáticos que abrange a lingüística textual pouco são ensinados na educação pública de nosso país.
Estudos mostram que a maioria dos alunos que concluíram o ensino médio desconhece os fatores pragmáticos do texto e apesar de fazer suposições erradas a respeito também desconhecem diferenças básicas em diversos tipos de textos como redações, sínteses e resumos que são conhecimentos básicos para a entrada deste estudante na universidade e para a vida profissiona,l sendo esta a realidade na maior parte do país, logo isso se deve ao fato de que o ensino defasado não dá suporte para que docentes de Língua Portuguesa abordem o conteúdo, pois devido ao tempo e ao cronograma dos conteúdos obrigatórios do ano letivo, os mesmo se vêem sem recursos para traçar prioridades, ficando conteúdos importantes para o desenvolvimento do aluno em segundo plano.
Os fatores pragmáticos consistem em conhecimentos básicos para a interpretação, pois o estabelecimento da compreensão de um texto depende, em grande parte desses fatores.
Tais fatores são trabalhados de forma interligada, pois a coerência textual se estabelece através da interação, crenças, desejos, preferências, normas e valores dos interlocutores e estando afinados com tais conhecimentos é que o leitor identificará de maneira clara no texto seu conteúdo (tema) e finalidade.
São cinco os fatores pragmáticos que serão delineados a seguir: a intencionalidade, a aceitabilidade, a situacionalidade, a informatividade e a intertextualidade.

  • Intencionalidade
Refere-se ao esforço do produtor do texto em construir uma comunicação eficiente capaz de satisfazer os objetivos de ambos os interlocutores. Quer dizer, o texto produzido deverá ser compatível com as intenções comunicativas de quem o produz.
  •  Aceitabilidade
O texto produzido também deverá ser compatível com a expectativa do receptor em colocar-se diante de um texto coerente, coeso, útil e relevante. O contrato de cooperação estabelecido pelo produtor e pelo receptor permite que a comunicação apresente falha de quantidade e de qualidade, sem que haja vazios comunicativos. Isso se dá porque o receptor esforça-se em compreender os textos produzidos.
  • Situacionalidade
É a adequação do texto a uma situação comunicativa, ao contexto. Note-se que a situação orienta o sentido do discurso, tanto na sua produção como na sua interpretação. Por isso, muitas vezes, menos coeso e, aparentemente, menos claro pode funcionar melhor em determinadas situações do que outro de configuração mais completa. É importante notar que a situação comunicativa interfere na produção do texto, assim como este tem reflexos sobre toda a situação, já que o texto não é um simples reflexo do mundo real. O homem serve de mediador, com suas crenças e idéias, recriando a situação. O mesmo objeto é descrito por duas pessoas distintamente, pois elas o encaram de modo diverso. Muitos lingüistas têm-se preocupado em desenvolver cada um dos fatores citados, ressaltando sua importância na construção dos textos.
  • Informatividade
É a medida na quais as ocorrências de um texto são esperadas ou não, conhecidas ou não, pelo receptor. Um discurso menos previsível tem mais informatividade. Sua recepção é mais trabalhosa, porém mais interessante e envolvente. O excesso de informatividade pode ser rejeitado pelo receptor, que não poderá processá-lo. O ideal é que o texto se mantenha num nível mediano de informatividade, que fale de informações que tragam novidades, mas que venham ligadas a dados conhecidos.
  • Intertextualidade
Concerne aos fatores que tornam a interpretação de um texto dependente da interpretação de outros. Cada texto constrói-se, não isoladamente, mas em relação a outro já dito, do qual abstrai alguns aspectos para dar-lhes outra feição. O contexto de um texto também pode ser de outros textos com os quais se relaciona.

 


Referência:

Fávero, Leonor Lopes. Coesão e coerência textuais. 11 ed. – São Paulo: Ática, 2009.

OS 10 MAIORES ERROS DE AUTORES INICIANTES